terça-feira, 22 de junho de 2010

Lendas de Minas Gerais

Mulher de Duas Cores - É uma assombração que aparece de dia, na luz do sol, nas estradas de Minas Gerais, fronteira com São Paulo, ou dentro das pequenas matas. Veste roupa de duas cores, branco-preto, azul-encarnado, azul-amarelo,...., e não fala, não canta, não resmunga. Limita-se a atravessar caminho, com passo surdo e leve, pisando sem usar o calcanhar, silenciosa, sem olhar para os lados nem para ninguém.

Onça Borges - Onça fantástica de uma zona mineira do rio São Francisco, alargando a área de presença até a região das fazendas de criar.

Conta-se ter sido uma transformação do misterioso vaqueiro Ventura, não mais voltando a forma anterior pela covardia do companheiro, que não teve coragem de colocar na boca da onça um molho de folhas verdes, indispensável para o retorno ao humano. A onça Borges se tornou a mais violenta e afoita das onças e deu trabalho heróico para matá-la. Reaparece, às vezes, continuando as estripulias contra o gado miúdo e graúdo.

Onça Cabocla - Monstro encantado, que se metamorfoseia em gente, ou melhor, em velha tapuia. Alimenta-se de pessoas, tendo preferência pelo fígado e pelo sangue das vítimas; folclore norte-mineiro do vale do São Francisca.

Dentre as três lendas citadas
daremos atenção
à da Mulher de Duas Cores

No século dezenove, na época da escravidão, havia uma fazenda na fronteira de Minas Gerais com São Paulo onde morava um viúvo fazendeiro chamado Ernesto, que tinha uma filha loira com o nome de Cláudia.
Certo dia, a filha do fazendeiro se apaixonou por um escravo e este casal passou a se encontrar escondido. Porém, Ernesto descobriu sobre o namoro de Cláudia, a proibiu de se encontrar com o escravo e ameaçou vender o seu amado.

A moça confessou estar grávida e fugiu com o seu amado para um quilombo. A mãe do escravo ao saber desta história fez um ritual de candomblé para que a criança não nascesse.
Já, o fazendeiro ao saber de tudo isto, encomendou os trabalhos de uma feiticeira européia para que, também, o bebê não viesse ao mundo.

Alguns meses se passaram e Cláudia deu a luz a uma menina de duas cores: metade do corpo da criança era negro e outra parte era branca. Esta criança foi batizada com o nome de Branca Morena.
O povo do quilombo costumava costurar roupas diferentes para esta menina: seus vestidos sempre tinham duas cores: preto e branco; vermelho e azul; verde e rosa; etc. O tempo passou, a princesa Isabel assinou a abolição dos escravos. Mas este casal, com medo que sua criança sofresse, nas mãos dos preconceituosos, decidiu não sair do quilombo.

Porém, ao completar quinze anos de idade, Branca Morena fugiu do quilombo e chegou de noite a uma cidade.
Esta moça entrou dentro de uma casa sem bater , porém tropeçou num vaso e fez barulho . Desta maneira, uma das moradoras deu de cara com ela e se assustou soltando um grito.

Então, as outras pessoas da casa acordaram e se espantaram com a aparência de Branca Morena. Assim, o integrante mais velho, pensando em se tratar de uma assombração diabólica, amarrou a moça, colocou – a num saco e matou a pobre, com um tiro, numa das estradas de Minas Gerais que fazia fronteira com São Paulo.
Diz a lenda que seu fantasma ainda anda por aquela estrada , assustando os caminhoneiros e os condutores dos demais veículos . Até hoje, ela caminha com pressa, quase correndo só até os meios pés , sem botar o calcanhar no chão .

Luciana do Rocio Mallon

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